A presidente do Legislativo feirense, vereadora Eremita Mota, parecia decidida a transformar o prédio anexo da Câmara de Vereadores em um exemplo de modernidade e eficiência. Promessas não faltaram, salas de espera, melhorias estruturais, e um espaço digno para atender os cidadãos. O prazo, final de agosto de 2024. Mas, como num roteiro de filme de terror mal produzido, o sonho virou pesadelo daqueles que nem o diretor mais criativo conseguiria prever.
Enquanto a vereadora Eremita Mota, bradava sobre sua prioridade absoluta na reforma, a realidade do canteiro de obras era outra. Operários abandonando o serviço por falta de pagamento, materiais recolhidos às pressas, e um prédio que, ao invés de reformado, parece mais próximo de ser tema de um programa de TV sobre abandonos urbanos. O orçamento inicial, modesto apenas R$ 5 milhões, foi turbinado com um aditivo de quase R$ 3 milhões. Resultado, uma conta salgada de R$ 8 milhões que ainda não deu conta do básico.
Curioso mesmo é que o próprio imóvel, o tal prédio anexo, foi avaliado em R$ 3,5 milhões. Ou seja, já gastaram mais do que o valor do prédio e, pelo visto, ainda não é o bastante. É como se estivessem colocando um remendo novo em uma calça velha que ninguém mais quer usar e olha que, nesse caso, nem o remendo chegou a ser entregue.
Na última quarta-feira (04/12), o silêncio falou mais alto. Os operários que ainda resistiam entregaram as chaves da obra, declarando fim de linha para a “reforma” até que a conta seja paga. Nesta sexta (06/12), a empresa responsável recolheu o restante dos materiais. Quem tentou visitar o lugar para conferir o progresso foi barrado. O que se viu de longe foi o esperado, falta muito, mas muito mesmo, para qualquer semblante de conclusão.
A presidente da câmara Eremita Mota, sempre eloquente em suas promessas, agora parece ter perdido a voz. Nenhum pronunciamento, nenhuma explicação, nem mesmo uma nota tímida da assessoria de comunicação da Câmara (Ascom). O silêncio ensurdecedor da Casa da Cidadania parece refletir mais do que falta de respostas, reflete um desrespeito gritante à população feirense, que merece saber por que os R$ 8 milhões do seu dinheiro ainda não bastaram.
Enquanto isso, o povo, mais uma vez, fica com as perguntas sem respostas. Afinal, vereadora Eremita, o que aconteceu com a sua “prioridade absoluta”? E mais importante, quem paga a conta é o contribuinte.
Em Feira de Santana, a reforma do anexo da Câmara não é apenas um retrato de descaso administrativo, mas um lembrete de que promessas sem entrega acabam como o prédio, inacabadas e abandonadas. Resta esperar que, ao menos dessa vez, os responsáveis tenham coragem de enfrentar o público e explicar o inexplicável. Acreditamos que não seria pedir demais.
Por: Fábio Negriny / DRT 3307