PUBLICIDADE

Micareta de R$ 30 mil, São Pedro de R$ 60 mil: O cantor de arrocha e o cachê em ritmo de foguete

Política
3 Min leitura

O cantor Itallo Junior, oriundo de Euclides da Cunha, conhecido por embalar corações partidos ao som do “sofrência style”, estreia agora uma performance que não foi no palco, mas no extrato bancário.

Em maio de 2025, Itallo júnior se apresentou na tradicional micareta de Feira de Santana, contratado pela Prefeitura com o cachê de R$ 30 mil. Até aí, tranquilo, afinal, todo artista merece seu cachê. O problema é que agora, menos de 60 dias depois, o mesmo artista volta a ser contratado pela mesma Prefeitura, desta vez para cantar no São Pedro do distrito de Humildes, pelo valor de R$ 60 mil. Dobrou. Subiu igual foguete da SpaceX, sem escalas, sem explicação.

O que aconteceu com Itallo Junior nesse intervalo? Ganhou Grammy? Entrou no top 10 da Billboard? Teve música em novela das 9? Nada disso. A única coisa que mudou foi o número do contrato.

Dizem por aí que o sucesso tem preço, mas quando o preço dobra em dois meses, o sucesso tem cara de outra coisa. E o cheiro não é de milho assado do São Pedro, é de fumaça de nota quente. Porque é aí que mora o perigo, quando o valor do cachê infla de maneira repentina e sem justificativa palpável, especialmente em se tratando de recurso público, o mínimo que se espera é uma boa explicação. Até agora, silêncio.

É claro que ninguém aqui está acusando diretamente o artista , ele canta, cobra, e se pagam, ótimo pra ele. Mas alguém, em alguma mesa de gabinete, assinou esse contrato achando que o povo é besta. Ou pior, confiando que ninguém vai perceber.

Essas distorções nos valores pagos por apresentações artísticas com dinheiro público têm nome e sobrenome, superfaturamento e, às vezes, até direcionamento. O caso de Itallo Junior pode parecer isolado, mas costuma ser só o primeiro fio puxado de um novelo embolado que, quando desenrolado, revela contratos duplicados, notas frias e favorecimentos. E como se sabe, em Feira, onde tem fumaça, geralmente tem fogueira , e não é só de São João.

O Ministério Público deve, em breve, ser provocado a olhar com lupa esse salto olímpico no cachê. E, quem sabe, descobrir que o caso do arrocheiro é só a pontinha do iceberg num mar de irregularidades.

Por : Fábio Negriny / DRT 3307

TAGGED:
Deixe um comentário