Parece que o voo de Igor Kannário foi abortado antes mesmo de decolar. A Justiça Eleitoral, em uma dessas viradas de mesa que só o nossa política consegue proporcionar, acatou o pedido do Partido Liberal (PL) e barrou o show do “Príncipe do Gueto” no ato político de Zé Neto (PT) em Feira de Santana. E sabe o que é mais curioso? O show estava previsto para este sábado (28), no evento batizado de “Circuito Cultural Feira EnCena”.
O Partido Liberal, sempre vigilante, prontamente apontou o dedo, “Showmício”. E, convenhamos, a acusação faz sentido. Afinal, quem não ficaria tentado a trocar o discurso arrastado dos palanques por uma apresentação eletrizante de Kannário? Mas a lei é a lei, e showmício está fora de cogitação.
O juiz, implacável, decidiu: “Assim, defiro a liminar, determinando que o Estado da Bahia se abstenha de realizar o evento ‘Circuito Cultural Feira EnCena’, e qualquer outro evento patrocinado pelo governo estadual até o segundo turno das eleições, caso haja.” Ou seja, adeus o fantasioso ato cultural. E, para quem pensa em ignorar a ordem, o juiz já deixou o recado: R$ 100.000,00 de multa. Tá bom ou quer mais?
Mas o golpe fatal foi mesmo para Kannário, que, com um microfone na mão, é tão perigoso quanto qualquer um desses candidatos que estão provendo o arrastão de campanha eleitoral.
A Justiça foi clara, o cantor ou qualquer outro artista estão proibidos de realizarem eventos eleitorais. A voz do gueto vai ter que esperar o fim da eleição para ser ouvida por seus seguidores.
Então, o que resta? Um ato político sem festa, sem arrastão, sem música. Para muitos, um verdadeiro banho de água fria. Mas, para o PL, uma vitória a ser comemorada. Afinal, o som que importa na verdade, é o das urnas.
Por: Fábio Negriny/ DRT 3307