É complicado dizer se estamos diante de um clássico “fogo amigo” ou de um incêndio doloso com direito a querosene . O fato é que o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES), conhecido por sua sutileza comparável a uma britadeira em funcionamento, resolveu apontar sua metralhadora verbal na direção do presidente do PL da Bahia e ex-ministro de Bolsonaro, João Roma.
Uma entrevista concedida por João Roma ao Grupo A TARDE, onde, ao que tudo indica, ele ousou contestar publicamente as falas do deputado Gilvan da Federal. O deputado, que já havia conquistado manchetes por desejar que Lula encontrasse São Pedro antes da hora, partiu pra cima com a fineza de um rinoceronte em dia de fúria.
“Você tinha que se candidatar a ser santo, tinha que se candidatar a se canonizar”, disse Gilvan, que talvez tenha confundido Roma com São João Batista. Em seguida, lançou a acusação que sacudiu o PL como um trovão no sertão: João Roma teria destinado R$ 100 mil para o PDT, justamente o partido que puxou o tapete de Bolsonaro com a ação que resultou na sua inelegibilidade.
Como bom justiceiro de microfone em punho, o deputado Gilvan não economizou no sermão.
“Tu lava tua boca pra falar ao meu respeito”, disse o deputado.
A situação, que já estava quente, virou fornalha quando os dados oficiais do TSE vieram à tona mostrando que o PL da Bahia, sob a batuta de João Roma, distribuiu generosos R$ 2,1 milhões para partidos que, digamos, não seriam os primeiros convidados de uma convenção bolsonarista. PDT, PSD, PSDB, Republicanos, União Brasil e até o Avante .
Só em Camaçari, segundo o deputado, foram R$ 1,4 milhão para o União Brasil. Em Irecê, cem mil reais diretos pro PDT.
O deputado federal Gilvan da federal, resolveu estender os ataques à a deputada federal Roberta Roma. O Motivo pelo fato da deputada ter votado a favor de uma PEC do PSOL.
“Uma deputada que se diz de direita votou a favor de uma PEC do PSOL”, disparou ele, como quem flagra o sacristão jogando baralho na sacristia.
Mas o que se vê nos bastidores do PL é que a tal “união da direita” parece mais uma ceia de Natal em família disfuncional. Todo mundo senta na mesma mesa, mas um não pode ver o outro nem pintado de ouro. Resta saber se o fogo vai apagar sozinho ou se ainda tem muito álcool pra ser jogado nessa labareda.