A Cartilha do PT para Evangelizar Evangélicos: Uma Conversa Santa ou Estratégia Eleitoral?

Política
4 Min leitura

Senhoras e senhores, acomodem-se bem em suas poltronas e preparem-se para uma leitura que pode muito bem ser acompanhada por um amém ou, quem sabe, um aleluia. A Fundação Perseu Abramo, aquela aliada fiel do Partido dos Trabalhadores (PT) que se dedica a pensar, educar e, claro, fazer uma boa política, acaba de lançar uma cartilha que promete ser uma ‘’ benção’’ para conquistar os corações e mentes do eleitorado evangélico nas eleições municipais deste ano. E não, isso não é um milagre, é estratégia política mesmo.

A cartilha, que será distribuída como pão em ceia entre os candidatos da legenda, vem recheada de citações bíblicas e versos consagrados por grandes nomes da música gospel. É quase um sermão, com um toque de marketing político, sugerindo aos candidatos o que fazer e o que evitar ao se aproximar desse rebanho que, convenhamos, não é nada pequeno.

Na primeira seção, o documento dá uma verdadeira aula de como valorizar a família, a fé e a liberdade religiosa. Lembra, com ares de quem quer ser o bom pastor, que o PT não apenas criou a Lei de Liberdade Religiosa, sancionada por Lula em 2003, mas também que o atual presidente assinou a criação do Dia Nacional da Marcha para Jesus. Tudo isso, claro, para afastar aquelas “falsas afirmações” que marcaram o último ciclo eleitoral. Afinal, segundo a cartilha, o partido e suas lideranças jamais defenderam o fechamento de igrejas. Ora, quem acreditaria nisso, não é mesmo?

O documento ainda traz uma dica valiosa, nas periferias, a família é o caminho para o coração dos evangélicos. E como boas almas que são, os candidatos devem destacar políticas públicas que tragam dignidade aos lares, como moradia, trabalho decente e alimentação. Quem diria que um partido tão conhecido por suas lutas sociais agora recorre a uma nova “missão”: mostrar que o bem-estar social também é coisa de Deus.

Mas nem tudo são flores ou bênçãos, se preferirem. Na seção “o que não fazer”, a Fundação Perseu Abramo adverte, nada de falar em nome de Deus se você não tem intimidade com Ele. “Não tomar o nome de Deus em vão” é uma recomendação que o PT faz questão de sublinhar. Afinal, é melhor não arriscar citar a Bíblia sem conhecê-la. Imagine só o desastre de um candidato tropeçando em versículos, tentando parecer mais piedoso do que é. Seria um pecado capital para a campanha.

E para fechar com chave de ouro, a cartilha traz uma lição de humildade não associe erros ou crimes de evangélicos à sua fé. Todo mundo peca, lembra o documento, e ninguém, absolutamente ninguém, é mais cristão que o outro, seja por boas ou más ações. Ah, e não vamos esquecer, nem todos os evangélicos são conservadores ou fundamentalistas. Como diria o sábio pastor Harry Emerson Fosdick, “todo fundamentalista é conservador, mas nem todo conservador é fundamentalista.” Uma reflexão que, quem sabe, pode ser a chave para abrir as portas do céu ou pelo menos, do voto.

E assim segue o PT, com sua cartilha em mãos, tentando evangelizar os evangélicos e mostrando que, na política, até a fé pode ser uma questão de estratégia. Afinal, como dizia aquele ditado: “Deus escreve certo por linhas tortas”, mas nas eleições, é bom que as linhas estejam bem alinhadas.

Fonte: Politica livre

Por: Fábio Negriny / DRT 3307

TAGGED:
Deixe um comentário