No último sábado (09/08), em Feira de Santana aconteceu a 30ª Marcha para Jesus. Evento grandioso, ruas lotadas, cânticos, orações e aplausos dos organizadores, que comemoraram o “sucesso absoluto” da edição 2025. Mas, como quase tudo que mexe com dinheiro público, a marcha deixou uma nuvem de interrogação pairando no ar.
Semana passada, na tribuna da Câmara Municipal, o vereador Ismael Bastos (PL) não economizou nas palavras, chamou de “esmola” o apoio dado pelo Governo do Estado à Marcha. Segundo ele, a ajuda teria se resumido à instalação de 10 outdoors na cidade, coisa de R$ 10 a 12 mil , valor que, para um evento desse porte, beira a irrelevância.
A polêmica cresceu quando começou a circular um áudio atribuído ao deputado Zé Neto, que esteve na marcha ao lado do governador Jerônimo Rodrigues. No tal áudio, Zé Neto, teria afirmado que a contribuição do governo foi de nada menos que R$ 230 mil, R$ 80 mil para contratação de artista e R$ 150 mil para a “construção da comunicação” do evento.
Curiosamente, organizadores ouvidos pelo site A Veracidade disseram desconhecer qualquer repasse desse valor. O que eles afirmam saber é que a Prefeitura de Feira de Santana arcou com as atrações principais, conforme publicado no Diário Oficial. Cassiane recebeu R$ 245 mil pelo show no palco principal, e Lukas Agustinho, R$ 147 mil para cantar em cima de um trio elétrico.
As atrações locais, por sua vez, MC Juninho, Kleide Valente, Moreno em Cristo, Júlia Elyasha, Ap. Edson, Claudionor Basílio e a Banda Mais de Deus, receberam R$ 5 mil cada. Todas foram contratadas pela Oficina Digital Prod. e Marketing e Agência de Viagens Ltda, empresa ligada ao produtor Nau Santana, da produtora Oficina da Música.
Agora, a dúvida que não quer calar, o vereador Ismael estaria atirando sem munição? Ou será que os R$ 230 mil mencionados pelo deputado Zé Neto, realmente existiram?
Enquanto isso, a Marcha para Jesus já virou tema de outro tipo de peregrinação, a de quem busca respostas que, por enquanto, não vieram do Governo do Estado, nem da empresa contratada para trazer os artistas. Porque, na fé, a gente acredita, mas no uso de dinheiro público, o mínimo é provar.
Por: Fábio Negriny / DRT 3307