Na terra onde se planta milho, também nasce escândalo. A Serra Preta, que mal chega a 20 mil habitantes, foi agraciada pela operação da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (09/07), batizada de Bandeira Livre. Mas por lá, o que estava livre mesmo era o uso indevido do nome de “taxista” pra driblar o leão e encher garagem de carro zero com isenção fiscal.
A Policia Federal investiga um esquema de fraudes na concessão de autorizações de táxi. Gente que nunca encostou a mão no volante profissional estava sendo agraciada com permissão de taxista, tudo para meter a mão em benefícios fiscais, isenção de IPI, ICMS e IPVA na compra de veículos.
Em 2023, já com Franklin Leite na cadeira de prefeito, a prefeitura contabilizava cem autorizações de táxi ativas. Isso numa cidade que, seguindo a média nacional de 1 taxista para cada mil habitantes, deveria ter no máximo vinte. Nem precisa de calculadora, a conta não fecha nem com reza brava.
A cereja do bolo é que boa parte dos tais “permissionários” tinham carteira assinada em outras áreas, bem longe da labuta diária de rodar passageiro por aí. Eles usaram a maracutaia das permissões só para fazer a festa na concessionária e economizar tributo, num flagrante desrespeito e desafiando à legislação.
As autorizações, que deveriam ser instrumentos de organização e regulamentação do transporte público, viraram moeda de troca e passaporte para a esperteza. A prefeitura, que tem a obrigação de fiscalizar e moralizar a concessão desses alvarás, aparentemente preferiu fechar os olhos, ou pior, distribuir com gosto, como se fossem bombons em festa de criança.
A operação Bandeira Livre ainda está rolando, mas uma coisa já é certa, táxi, em Serra Preta, virou sinônimo de treta. enquanto a malandragem desfila de carro novo com placa de isento.
Resta saber se, além da Policia Federal, a Justiça vai dar sinal verde pra punir quem brincou de Robin Hood às avessas, tirou do Estado pra dar a si mesmo. Porque, nesse país, o que não falta é esperto travestido de trabalhador. E em Serra Preta, pelo visto, o ponto de táxi virou ponto de fraude.
Por: Fábio Negriny / DRT 3307