A velha frase do ex-governador Magalhães Pinto “política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou” parece que foi feita sob medida para descrever o clima político de Serra Preta. O céu que parecia limpo no grupo do prefeito Franklin Leite agora ameaça trovoadas. E não é previsão do tempo, é observação de bastidores.
O burburinho é grande. E onde há fumaça, dizem, tem fogo. O fato é que a harmonia do grupo que ajudou a eleger Franklin Leite começa a dar sinais de desgaste. E desgaste em política é igual freio de carro em ladeira, se não consertar logo, o tombo é certo.
O estopim da vez foi o aniversário de 70 anos do ex-prefeito Antônio Carneiro, pai de Franklin Leite. O que era para ser uma comemoração, virou termômetro de crise. Faltaram nomes de peso, e uma ausência chamou mais atenção que do Dr. Karlos Figueredo, peça-chave na eleição do atual prefeito, simplesmente não apareceu.
Mas como política tem dessas ironias, quem roubou a cena na festa foi ninguém menos que o ex-ministro João Roma, figura da oposição ao governo estadual, governo esse do qual Franklin Leite é aliado. João Roma foi tão bajulado que, se deixassem, saía da festa com a faixa de aniversariante no peito. Foi tanto afago que parecia que ali se ensaiava um novo alinhamento político.
Na roça, o povo costuma dizer, “a gente bate na cangaia para ver se o burro entende. ” Não é ofensa, é sabedoria popular. Às vezes, o recado não é direto, mas o alvo entende. E o recado foi claro, tem gente no grupo que já não se vê mais dentro dele.
Em política, quem tenta agradar gregos e baianos acaba sem apoio nem de um lado nem de outro. Porque, como bem diz as escrituras sagradas, ‘’não se pode servir a dois senhores’’. E a lealdade dividida é o primeiro passo para a derrota anunciada.
Se as nuvens vão se dissipar ou virar tempestade, só o tempo dirá. Mas que o céu político de Serra Preta anda encoberto, isso anda.
Por: Fábio Negriny / DRT 3307