Clima Quente : Aristides Maltez confronta vereadores e eleva tensão na Câmara de Feira de Santana

Política
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A Câmara de Vereadores de Feira de Santana, espaço que deveria ser tratado com a dignidade que a instituição merece, viveu um momento delicado na manhã desta terça-feira (17/09), quando o sacerdote de matriz africana e ativista social Aristides Lopes Maltez Júnior utilizou a Tribuna Livre para manifestar sua indignação. O alvo de seu discurso foram os vereadores Paulão do Caldeirão e Edvaldo Lima, os quais, segundo Arestides, teriam proferido falas discriminatórias contra as religiões de matriz africana.

Com muita braveza  e um tom de desabafo, Aristides Maltez, que preside uma dessas entidades religiosas, afirmou estar ali em nome do povo de santo e da comunidade negra. Sua fala, recheada de comparações de resistência e coragem, desafiou diretamente os vereadores. “Acima do medo, há coragem, porque sou um homem destemido”, declarou, enfatizando que as religiões de matriz africana, muitas vezes marginalizadas, são sustentáculos de uma sociedade que paga o salário dos legisladores.

Em sua fala, Aristides também rechaçou as frequentes associações de sua fé com o mal. “Meu passado é limpo, um livro aberto”, frisou, referindo-se à ausência de parentes em cargos públicos e à ética de sua trajetória. Não poupou palavras ao desafiar diretamente os vereadores, especialmente Edvaldo Lima e Paulão do Caldeirão, alertando para o peso das palavras proferidas em público. “Quando se mata um homem preto, se levanta um exército”, finalizou, em um tom que pareceu mais uma intimação.

Ao final, o clima da sessão se tornou ainda mais tenso. O vereador Paulão do Caldeirão, visivelmente incomodado com a situação, tentou, sem sucesso, obter a palavra, mas foi interrompido pela presidente da Casa, a vereadora Eremita Mota, que encerrou a sessão sem dar espaço para novas manifestações. Paulão, demonstrando frustração, ainda apelou à aliança política entre ele e a presidente, mas sem êxito. “Excelência, a senhora sabe que sou seu aliado, não jogue fora o que a senhora tem”, insistiu, mas a sessão foi encerrada com a presidente deixando o vereador falando sozinho.

Apesar das divergências e tensões naturais do debate político, a Câmara deve ser tratada com o respeito que merece. A liberdade de expressão é um pilar democrático, mas deve ser exercida com a devida responsabilidade, sem jamais perder de vista que todos ali, representantes e representados, estão a serviço da sociedade.

Por: Fábio Negriny / DRT 3307

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